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A balela da crise e o mercado de comunicação

O assunto deste blog não é economia, mas essa balela de crise afeta direta/indiretamente todos nós no mercado da comunicação.

Não é de hoje que esse comportamento de manada no mercado de comunicação (publicidade, propaganda, design e marketing de forma geral) prejudica tanto os profissionais das empresas (agências, produtoras, escritórios e agregados) quanto os clientes que seguem discursos como o do Nizan Guanaes.

[seguir os links deste post pode trazer boas surpresas]

Para quem (ainda) não sabe, recentemente o Nizan Guanaes (Africa e afins) e o Fábio Fernandes (o F da F/Nazca Saatchi & Saatchi) tiveram um arranca-rabo no Maxi Mídia 2008. O Fábio enviou um comunicado posterior falando sobre o ocorrido.

Para terminar este prólogo, recebi hoje da galera Hera o texto abaixo do honorável Stephen Kanitz, que explica muito bem porque esse papo de crise é balela da mídia para vender mais jornal (e mais TV, mais rádio, mais revista, enfim… não pode faltar assunto né…).

Um grande amigo meu foi uma das vítimas da crise, demitido de uma grande agência de São Paulo por ser contratado via CLT, o que “gerava muitos custos para a agência”. É por essas e outras que muitas vezes eu tenho nojo do mercado. Como este mesmo amigo meu disse, ninguém vendeu seus Jaguares e New Beetles antes de demitir suas equipes ou avisar que ninguém tira férias ou recebe aumento né?

Boa leitura!

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O que Fazer Nesta Crise? (muito bom)
Stephen Kanitz
Toda crise tem sete fases.
Fase 1. Não há problema na economia, diz a autoridade econômica,
é tudo boato.
Fase 2. Sim, temos um problema mas tudo está sob controle.
Fase 3. O problema é grave mas medidas corretivas já foram tomadas.
Fase 4. O problema é muito grave mas as medidas emergenciais
surtirão efeito.
Fase 5. Pânico geral e salve-se quem puder.
Fase 6. Comissões de inquérito e caça aos culpados.
Fase 7. Identificação e prisão dos inocentes.

Os Estados Unidos e a Europa estão na fase 5. Brasil, China e Índia
estão na Fase 3. Precisamos nos proteger contra a possibilidade de
chegarmos na Fase 5, quando basta um entrevistado na televisão afirmar
“que esta crise é igual ou pior que a de 1929″, como vários á
falaram, ou escrever no jornal “as conseqüências da crise chegaram
definitivamente no Brasil”, como já foi publicado, e gerar pânico por
aqui.

Não, a crise ainda não chegou no Brasil, ainda estamos na Fase 3 e
mesmo se crescermos 0% este ano, o que ninguém prevê, toda empresa irá
vender a mesma coisa no ano que vem. Sua promoção pode estar em risco
mas não o seu emprego.

Ademais esta crise nada tem a ver, nem terá, com a severidade da crise
de 1929, quando 25% dos trabalhadores perderam seus empregos e que
durou até 1940 com 14%. Na pior das hipóteses, o desemprego nos
Estados Unidos aumentará 3%, mesmo assim só por 24 meses. Se tivessem
líderes administrativos socialmente responsáveis, eles já teriam ido a
público garantir que manteriam o nível de emprego de suas empresas nos
próximos 12 meses. Hoje custa mais para se treinar um novo funcionário
do que para mantê-lo fazendo algo por 12 meses.

Depois que Alan Greenspan e Nouriel Roubini saíram dizendo que a crise
era igual à de 1929, todos os americanos pararam de gastar, aumentando
sua poupança e prevendo o pior. Ninguém sabe quem serão os 25% de
desempregados. Quando 100% dos consumidores param de gastar por um
único mês, cria-se uma espiral recessiva imprevisível. Outra
alternativa seria alertar os 3% que talvez sejam demitidos para
economizar, para que os 97% possam manter normalmente suas compras
evitando a espiral recessiva.

Na crise de 1929, 4.000 bancos quebraram, e a mera referência a 1929
como fizeram Greenspan e Roubini, leva pessoas leigas a correr para os
bancos, o que aconteceu agora na Europa.

A imprensa perdeu a capacidade de filtrar e processar informação
premida pelo tempo exíguo para colocar tudo na internet. Publicam o
que vier, especialmente se for notícia ruim. Nenhum banco comercial
irá quebrar, nenhum ainda quebrou nos EEUU, e mesmo se forem um ou
dois, nada se compara com 4.000. Bancos sempre quebram mas ninguém
percebe. Mesmo se quebrarem, o seu dinheiro, ao contrário de 1929,
está no fundo DI e não no Banco. O Fundo DI está no SEU NOME e dos
demais cotistas, e se um banco brasileiro quebrar, o que não vai
acontecer, seu dinheiro está salvo. No máximo você terá de esperar uma
semana para a troca de administrador do seu fundo. O dinheiro está
aplicado em títulos do tesouro em SEU NOME, não do Banco.

Deixar o dinheiro onde está é o mais seguro. Se você resgatar o seu
fundo DI, o dinheiro cai na sua conta, e se o banco quebrar justo
neste dia, você vira um credor do banco. Nossos bancos estão recebendo
depósitos dos apavorados estrangeiros. Muita gente em pânico está
saldando suas cotas em fundos de ações e o seu gestor é OBRIGADO a
vender uma ação mesmo com ela caindo 20% no dia, algo que você jamais
faria. Acionistas majoritários não estão em pânico, nem podem nem
querem vender suas ações. Só os minoritários se sentem uns idiotas
porque não venderam na “alta”.

Não temos bancos de investimento no Brasil. De fato, Roberto Campos
implantou neste país este mesmo modelo americano que está ruindo, mas
felizmente foi uma lei que “não pegou”. Problema a menos. Só temos
bancos comerciais, e estes são muito bem controlados pelo Banco
Central. Além do mais, nossos bancos têm dono, e por isto estão pouco
alavancados, 4 a 5 vezes, contra 20 a 25 vezes dos bancos de
investimentos americanos. O Brasil não está alavancado. Nossos
créditos diretos ao consumidor não passam de 36% do PIB, e devem
crescer para 40% no ano que vem. Os Estados Unidos estão alavancados
em 160% do PIB e é esta desalavancagem súbita que está causando
problemas.

Nosso Banco Central adotou, o que venho alertando há anos a países e
famílias – a política de ter reservas para os dias de crise e hoje
temos US$ 200 bilhões. Pela primeira vez o Brasil tem reservas para
sustentar uma crise duradoura, sem ter que se endividar para cobrir
furos de caixa. Temos um sistema financeiro dos mais modernos e
rápidos do mundo implantado devido à inflação galopante dos anos 90.
Nos Estados Unidos demora-se duas semanas para se descontar um cheque
entre bancos, por isto o sistema travou. Nenhum banco confia em outro
banco numa crise destas.

Esta é a hora para disseminar a nossa força, as nossas reservas, a
competência de Henrique Meirelles, primeiro administrador financeiro
(Coppead) a comandar o nosso Banco Central, e já se nota a diferença.
Está na hora de mostrarmos ao mundo que como a China e Índia, nós
vamos crescer via mercado interno, com produtos populares, tese que há
anos venho defendendo. Esta é a hora de mostrar o que DÁ CERTO no
Brasil em vez de conseguir fama no rádio e na televisão mostrando o
que poderia dar errado. Lembre-se que os verdadeiros culpados já estão
se movimentando para culpar os inocentes, e assim saírem incólumes e
mais poderosos.

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SOBRE O AUTOR

Rafael Rez

Autor do livro “Marketing de Conteúdo: A Moeda do Século XXI”, publicado pela DVS Editora. Possui MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2013. Fundador da consultoria de marketing digital Web Estratégica, já atendeu mais de 1.000 clientes em 20 anos de carreira. Co-fundador da startup GoMarketing.cloud. Fundou seu primeiro negócio em 2002, de onde saiu no final de 2010. Foi sócio de outros negócios desde então, mantendo sempre como atividade principal a direção geral da Web Estratégica. Além de Empreendedor e Consultor, é Professor em diversas instituições: HSM Educação, ILADEC, Cambury, ESAMC,ALFA, ESPM, INSPER. Em 2016 fundou a Nova Escola de Marketing.

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