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A angústia do usuário diante do full screen

Não assuste os visitantes com uma tela cheia que esconde os botões de navegação. O resultado é desastroso porque faz o usuário esquecer o que procurava e tratar apenas de fugir dali.

Todo mundo já se deparou ao menos uma vez na vida com um site abrindo em fullscreen – ou tela inteira, na tradução adotada pelos browsers. Certamente a maioria não gostou. E nem poderia, porque fullscreen é uma chatice invasiva.

O uso de interfaces fullscreen se disseminou com o CD ROM, onde muitos designers exploravam interfaces diferentes`, às vezes inovadoras, às vezes curiosas e em outras até revolucionárias, como em alguns jogos. Passada a novidade, ficou na cabeça do designer a possibilidade de esconder o sistema operacional e brincar com a experiência de navegação.

Como nem tudo se resume ao CD ROM, os navegadores incorporaram este recurso e tornaram bem simples a tarefa de abrir um site em tela inteira, escondendo todas as funções do browser e transformando a experiência do internauta numa surpresa a cada clique.

Usado com bom senso, o fullscreen até pode gerar uma experiência agradável e agregar valor ao site. Mas como o bom senso é algo cada vez mais raro, muitos abusam do “truque” e fazem de uma simples navegação um martírio, ou quase isso.

O usuário de internet inexperiente tende a se apavorar com o sumiço dos botões de comando. Somado à isso, alguns esquecem de deixar um botão Fechar o Site – ou algo que o valha – à vista e deixam o pobre sem opções.

Se contarmos que muitos usuários de computadores não conhecem comandos básicos como Ctrl+Alt+Del (que abre a caixa de diálogo “Fechar Programa”) ou até um Alt+F4 (fechar programa ativo), navegar em tela inteira pode ser um martírio mesmo, deixando como opção somente o botão Reset.

Já vi até portfólios inteiros, com dez ou mais sites comerciais abrindo em fullscreen. Tenho dó de quem pagou por isso e agora acha que investir em internet é uma furada. Desinformação.

Quem navega busca informações relevantes e não está disposto a ficar em um único site eternamente. Geralmente não passa nem da home; imagine então se todos os sites fossem fullscreen? Visão do inferno? Apocalipse? Não, uma chatice mesmo.

O CD ROM é visto offline e tem sempre botões Parar e Fechar. Em último caso,o usuário sabe que pode apertar o Ejetar e arremessar o dito cujo no lixo. Já na internet ele se sente vigiado, sem ação, tomado por uma rápida síndrome de pânico e até desiste do que procurava.

Seria bom ter acesso a um laboratório de usabilidade e pesquisar quanta gente realmente atura o fullscreen. Seria a prova científica de que não vale a pena atrapalhar seu público.

Escrito originalmente para o WebInsider

SOBRE O AUTOR

Rafael Rez

Autor do livro “Marketing de Conteúdo: A Moeda do Século XXI”, publicado pela DVS Editora. Possui MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2013. Fundador da consultoria de marketing digital Web Estratégica, já atendeu mais de 1.000 clientes em 20 anos de carreira. Co-fundador da startup GoMarketing.cloud. Fundou seu primeiro negócio em 2002, de onde saiu no final de 2010. Foi sócio de outros negócios desde então, mantendo sempre como atividade principal a direção geral da Web Estratégica. Além de Empreendedor e Consultor, é Professor em diversas instituições: HSM Educação, ILADEC, Cambury, ESAMC,ALFA, ESPM, INSPER. Em 2016 fundou a Nova Escola de Marketing.

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